Qual a finalidade do homem?

“A verdadeira liberdade humana não é um fim, é um meio – um meio cujo valor ético depende do fim visado. E a máxima nobreza do ser racional consiste em usar essa liberdade de maneira a convertê-la em instrumento do próprio resgate e da conquista da beatitude, servindo Deus que o criou – modelando, por suas mãos, o destino a que fôra ordenado pelo seu Criador.”

Efetivamente, o homem deve ter um fim marcado pela Inteligência que o criou e o dotou duma certa natureza. O fim dum ser é aquele para que ele tende sempre e dum modo necessário. O homem tende sempre e necessariamente para a felicidade. Possuí-la, será o seu fim.

Onde encontrar a felicidade? No bem, a que todas as nossas operações e tendências se dirigem.

Mas, num bem particular? Não, porque a alma não descansaria nele, orientar-se-ia para outros bens particulares.

Num bem universal, que resuma as suas aspirações mais altas? O bem universal não se acha, porém, entre as coisas finitas por sua essência precárias, deficientes, nas quais sempre se inclue alguma percentagem de mal.

Só pode achar-se no bem infinito: em Deus, que não tem limite nem mácula e satisfaz por inteiro a sede de toda a alma e de todas as almas.

No amor e no conhecimento de Deus, a alma atingirá a felicidade perfeita. É a bela imploração de Santo Agostinho no ‘De doctrina christiana’, que o Doutor Angélico exalta:

“Senhor, criaste-nos para Vós; e o nosso coração estará sempre inquieto enquanto não descansar em Vós”!

A posse de Deus, porque não é atingível na vida terrena, reclama a vida futura, aquela que, aliás, nos foi prometida como suprema recompensa.

E já que é imortal, a nossa alma poderá, desde que o mereça, ser elevada à contemplação inefável da pura essência divina.

Assim, abrangemos a total perspectiva da trajetória humana desde o seu início até à conquista do eterno castigo ou da beatitude eterna.